quinta-feira, 17 de setembro de 2009

BARBOSA LESSA


O PRAZER DE DESCOBRIR
O TESOURO LITERÁRIO DE BARBOSA LESSA


Luiz Carlos Barbosa Lessa, nascido numa chácara nas imediações de Piratini, na localidade denominada “Cerro do Galdino”, no dia 13 de dezembro de 1929, e falecido no município de Camaquã, em 11 de março de 2002, por sua vontade foi sepultado no cemitério do núcleo urbano piratiniense, local que já recebeu e receberá inúmeras homenagens e visitações.
Durante toda a sua existência, demonstrou inteligência e sensibilidade pois desde a infância começou a escrever textos literários. Em 1947, quando era estudante do Colégio Estadual Júlio de Castilhos de Porto Alegre engajou-se a um grupo de colegas que havia realizado a primeira cavalgada da Chama Crioula e no ano seguinte fundaram o primeiro CTG (Centro de Tradições Gaúchas) do mundo, o “35 CTG” que deu origem à sistematização do Movimento Tradicionalista Gaúcho e à sua disseminação além fronteiras do Rio Grande do Sul e até do Brasil, já que há, inclusive, um CTG em Tóquio no Japão.
Porém o grande papel de Barbosa Lessa como artífice do tradicionalismo parece que ofuscou seu grande talento literário, embora em 1959 tenha sido premiado pela Academia Brasileira de Letras pelo seu romance “Os Guaxos”, tanto que é conhecido mais como tradicionalista e autor de músicas como “Quero-Quero” e “Negrinho do Pastoreio”.
Por isso, é importante que seja descoberto o tesouro literário desse ilustre piratiniense, por se tratar de um autor natural de Piratini e pela densidade de sua obra que trata de personagens que se identificam com os aspectos sociais, psicológicos e históricos como o escravo João Batista no conto “Cabos-Negros” constante nos livros “O Boi das Aspas de Ouro” e “Rodeio dos Ventos” ou Zacaria, uma das personagens principais no romance “Os Guaxos”.
É possível, sim, traçar uma linha paralela entre Cyro Martins, autor da chamada “trilogia do gaúcho a pé” - pelos romances “Sem Rumo”, “Porteira Fechada” e “Estrada Nova” -, e Barbosa Lessa, pois enquanto o primeiro mostra a decadência do gaúcho que, espoliado dos meios de produção, é obrigado a abandonar o campo e a morar, precariamente, na cidade, onde acaba por perder sua identidade gauchesca, o segundo mostra o mesmo gaúcho com suas dificuldades sociais, a trabalhar de posteiro, de peão, de agregado, mas permanecendo no universo rural, sempre em busca de uma vida com dignidade.
Assim, a obra literária de Barbosa Lessa está a salvo da crítica de Tao Golin e José Hildebrando Dacanal, dois notáveis intelectuais que questionam a validade do mito do gaúcho "monarca das coxilhas", figura simbolizada de modo eqüestre tal um centauro no espaço romântico do campo.
Quem duvidar da visão lúcida desse escritor piratiniense sobre a realidade do homem e da mulher rurais que leia, por exemplo, o conto “O Peão e o Cavalo” na obra “O Boi das Aspas de Ouro” e “Rodeio dos Ventos”.
Por isso e muito mais, a obra literária de Barbosa Lessa é um tesouro ainda a ser descoberto. Quando tal acontecer, inúmeros olhos de crianças, jovens, adultos, idosos, brilharão intensamente de alegria pois se enxergarão nos seus poemas, crônicas, narrativas e descrições carregados de emoção e musicalidade.

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